Um pouco sobre a
história de Clarice:
Clarice nasceu na
Ucrânia, e era judaica. Então, por causa das perseguições feitas na época de
Hitler seus pais vieram para o Brasil quando ela tinha 2 meses. Mesmo tendo
nascido em outro país, sempre dizia que sua pátria era o Brasil. Começou a
escrever poemas desde que aprendeu a ler. Quando grande, tentou fazer faculdade
de advocacia, mas ficou frustrada com as teorias ensinadas, então ela descobriu
seu amor por literatura. Casou-se com um
diplomata, e por isso teve de morar em outros países, como a Itália, da qual
foi voluntaria da Força Expedicionária Brasileira durante a Segunda Guerra Mundial.
Separou-se do marido e voltou para o Rio de Janeiro com seus dois filhos, e
enquanto dormia com um cigarro acesso, colocou acidentalmente fogo na casa, e
ficou hospitalizada por dois meses entre a vida e a morte. Então foi para uma
convenção de Bruxas na Colômbia, aonde depois de chegar ao Brasil ficou conhecida
como ‘’a grande bruxa da literatura brasileira’’, seu
próprio amigo Otto Lara Resende disse sobre a obra de Lispector: "não se
trata de literatura, mas de bruxaria.”. Em 1977 descobriu que tinha um
câncer no ovário, e então morreu.
Biografia de Clarice:
Clarice Lispector costumava
evitar declarações excessivamente íntimas nas entrevistas que concedia, tendo
afirmado mais de uma vez que jamais escreveria uma autobiografia. Mas, com suas
crônicas, se juntasse tudo, dava-se para entender um pouco mais sobre ela.
Então aqui estão partes pequenas em que a própria autora tenta se descrever.
‘’... Nada posso fazer: parece que
há em mim um lado infantil que não cresce jamais. Até mais que treze anos, por
exemplo, eu estava em atraso quanto ao que os americanos chamam de fatos da
vida. Essa expressão se refere à relação profunda de amor entre um homem e uma
mulher, da qual nascem os filhos. ‘‘.
“Sou o que se chama de pessoa impulsiva”. Como
descrever? Acho que assim: vem-me uma ideia ou um sentimento e eu, em vez de
refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido
meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham,
às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de
simples infantilidade. ’’
“Um
nome para o que eu sou, importa muito pouco. Importa o que eu gostaria de ser.
O que eu gostaria de ser era uma lutadora. Quero dizer, uma pessoa que luta
pelo bem dos outros. [...] No entanto, o que terminei sendo, e tão cedo?
Terminei sendo uma pessoa que procura o que profundamente se sente e usa a
palavra que o exprima.
É pouco, é muito pouco.”
É pouco, é muito pouco.”
‘’Dizem
que sou intelectual, mas isso não sou. Ser intelectual é usar, sobretudo a
inteligência, o que eu não faço: uso é a intuição, o instinto. Ser intelectual
é também ter cultura, e eu sou tão má leitora que agora já sem pudor, digo que
não tenho mesmo cultura. Nem sequer li as obras importantes da humanidade. ‘’
“Sou tão misteriosa que não
me entendo.”
“Há
três coisas para as quais eu nasci e para as quais eu dou minha vida”. Nasci
para amar os outros, nasci para escrever, e nasci para criar meus filhos. O
‘amar os outros’ é tão vasto que inclui até perdão para mim mesma, com o que
sobra’’.
Como se
vê, Clarice era uma pessoa indecifrável, do qual só seus amigos realmente a
conheciam. Clarice
Lispector deixou de ser um nome para ser um fenômeno de nossa literatura.
Um pouco de sua obra:
Enquanto eu tiver perguntas e não houver
respostas... Continuarei a escrever
... Uma
das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer.
Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o
próprio apesar de que nos empurra para frente. Foi o apesar de que me deu uma
angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de
que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E
desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o
corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal
que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso.
...estou procurando, estou procurando. Estou
tentando me entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas
não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo
dessa desorganização profunda
Passei
a vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar.
Suponho
que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em
contato...
Ou toca, ou não toca.
Ou toca, ou não toca.
O que
verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós.
Mas
tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo - quero sempre
ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à
desorientação.
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